Isso mesmo! A minha profissão visa todo o cuidado e respeito com o animal, mas o objetivo final é prevenir que eles incidam alguma doença sobre o ser humano, como as zoonoses, que são as doenças transmitidas pelos animais (raiva, Covid-19, dengue, leptospirose, etc), e ainda doenças transmitidas pelos alimentos de origem animal.
Para que os profissionais da medicina veterinária exerçam esse papel perante a sociedade, além dos conhecimentos básicos é necessário que compreendamos uma série de fatores que relacionam os animais aos humanos, a produção de alimentos de origem animal, bem como os tipos de doenças dos animais nos humanos e como os seus vírus, bactérias e parasitas agem no corpo. Estamos falando aqui sobre manter a boa relação entre animal e ser humano, estamos falando de saúde pública.
E por que ainda temos tão poucos veterinários nas prefeituras? No Brasil, a queda da representatividade da Medicina Veterinária no serviço de saúde é causada pela falta de articulação social e política pelos profissionais dessa categoria. Existe uma baixa expressividade e participação dos médicos veterinários nos Conselhos Municipais de Saúde, fato esse que deve ser corrigido o quanto antes, para permitir uma maior participação dos médicos veterinários na construção das políticas e estratégias da saúde pública nacional.
Importância do Núcleo de Apoio à Saúde da Família
Em 2011 foi criado o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) integrado ao Sistema Único de Saúde (SUS). O programa é constituído por equipes multiprofissionais e também compreende médicos veterinários graças à Portaria GM/MS nº 2.488 de 21 de outubro de 2011. Infelizmente, apenas a existência desta portaria não garante a sua efetividade, pois as equipes são formadas de acordo com a região. É muito importante que todas essas equipes envolvam a veterinária, mas isso só ocorre quando o gestor ou a população compreende essa necessidade. Só assim poderemos otimizar a saúde pública quanto à prevenção de zoonoses e ainda, o cuidado para com os animais.
Enquanto prefeito de Caldas (2013-2018) criei mecanismos por meio de políticas públicas para a contratação de mais médicos veterinários. Implantei a Clínica Municipal Animal de Caldas para atender cães e gatos abandonados ou de famílias de baixa renda. Ali são oferecidos os serviços de pequenas cirurgias, castrações, consultas e medicamentos.
Além disso, enquanto presidia a Associação dos Municípios do Alto Rio Pardo (AMARP), que engloba 10 municípios, conseguimos comprar um ônibus que funciona como castramóvel. De 2017 para cá foram mais de 15 mil castrações de machos e fêmeas nessas cidades. Uma iniciativa que ajuda no controle populacional dos pets.
SUS animal
Eu sei que podemos fazer muito mais. Além de estruturar as Unidades de Controle de Zoonoses em todo município, uma das minhas metas é viabilizar a criação do SUS Animal. Quem tem um pet dentro de casa sabe que o animal é como um ente da família. Os animais adoecem, sofrem acidentes e envelhecem como nós, e precisam de atenção e cuidados especiais. Muitas famílias se encontram impossibilitadas de custear qualquer tratamento para o cachorro ou gato. E o pior, muita gente ainda se endivida para salvar o animal.
Essa é uma das razões desta bandeira que tanto defendo. Eu tenho consciência que a atuação política é fundamental para concretizar convênios com clínicas particulares e a construção de hospitais veterinários para atender, principalmente, os animais abandonados e os de famílias carentes.
Com o SUS Animal a castração também vai se mostrar mais efetiva por meio de campanhas, diminuindo consideravelmente o número de animais abandonados pelas ruas.
E primordialmente, eu já trabalho em muitas frentes que articulam a valorização do médico veterinário. É necessário que as prefeituras contratem mais médicos veterinários, porque além do zelo pelos pets, da luta contra os maus tratos, temos as doenças consideradas zoonoses que refletem diretamente na qualidade da saúde pública de uma comunidade. Cuidar da saúde é olhar para um futuro promissor, digno, mais justo e feliz.