Eu como veterinário, ciente da precaução e controle das zoonoses fico muito preocupado e triste de receber essas notícias. Sabe-se que a precariedade dos Centros de Controle de Zoonoses, em muitos municípios, acabam contribuindo para este quadro.
75% das doenças são zoonoses
Em conversa com a minha colega de profissão Rafaela Luns, Chefe de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais e vice-presidente da Associação Brasileira de Gestão Técnica em Medicina Veterinária, a gente percebe que a estruturação dos Centros de Controle de Zoonoses é uma demanda urgente. “Hoje em dia 75% das doenças são zoonoses. Gosto do conceito de saúde única. Um Centro de Zoonoses eficaz reduz custos no atendimento médico das pessoas e melhora a qualidade de vida dos animais. Para se ter uma ideia, o governo de Minas Gerais não sabe quais cidades têm ou não um Centro de Zoonoses. Isto é grave porque muitas medidas de prevenção deixam de ser executadas. O Conselho Regional de Medicina Veterinária (MG) já pediu um levantamento junto ao Ministério Público e à Secretaria Estadual do Meio Ambiente”, declarou Rafaela.
Centros de Controle de Zoonoses são fundamentais para os municípios
Para quem ainda não sabe, os Centros de Controle de Zoonoses (CCZ) têm papel importante nos municípios, no sentido de combater e impedir a propagação de doenças transmitidas entre animais e a população humana, e que podem desencadear risco à saúde pública, como a raiva. Outras zoonoses que sempre estão sob o radar de nós, veterinários, são a dengue, a chikungunya, leptospirose, malária, doenças causadas por vermes e tantas outras enfermidades que acometem os animais e humanos.
Os Centros também são responsáveis pelas inspeções sanitárias, pelo controle de animais como ratos, pombos e animais peçonhentos (aranha, cobra, escorpião, etc); além da averiguação de denúncias de maus-tratos e abandono, sendo capazes de recolher os animais em perigo e dar-lhes o cuidado necessário.
O gerenciamento de resíduos sólidos de cadáveres de animais precisa atender aos requisitos ambientais e de saúde pública. Para o correto descarte, os animais mortos ou sacrificados, pelos mais diferentes motivos, são de responsabilidade do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da prefeitura, que deve seguir a legislação para incinerar ou depositar o animal em aterro sanitário controlado.
Outros usos dos Centros de Zoonose
Outros papéis desempenhados pelos Centros de Zoonoses são as campanhas de vacinação, vermifugação e castração – ajudando a manter os animais saudáveis e a controlar a geração de uma possível superpopulação, fator que ajuda bastante a diminuir as taxas de abandono de animais em todo o país.
Com tantas ações importantes para a manutenção da saúde pública eu me questiono como os prefeitos e gestores não prezam pela Unidade de Controle de Zoonoses. Infelizmente ainda falta capacitação, informação e gestão na estruturação dos Centros. Talvez seja hora de criarmos novas leis e mecanismos de vigilância para que todo município tenha a unidade de zoonose como prioridade.
Precisamos desse mapeamento dos Centro de Controle de Zoonoses para criarmos políticas públicas pertinentes ao perfil de cada comunidade. Em cada região do estado ou do país, existe uma realidade diferente da outra. Vale lembrar que a Covid-19 era uma zoonose que se transformou em uma epidemia humana.
É fato que precisamos agir e sermos autores de transformações para melhoria da saúde pública. É fundamental que todo município tenha uma unidade de Controle de Zoonoses estruturada e com a atuação efetiva de médicos veterinários.