Pedra fundamental é reinaugurada sem verbas para tirar o projeto do papel
Há 10 anos, durante o meu mandato como prefeito de Caldas, eu e outros prefeitos apresentamos ao governo do estado o projeto para a construção de um Hospital Regional do Câncer. O projeto foi aprovado, o dinheiro liberado, o terreno foi comprado na cidade de Poços de Caldas e a pedra fundamental inaugurada. Ficamos todos muito contentes, afinal tínhamos conseguido prospectar um projeto de saúde pública pelo qual a demanda crescia dia a dia na nossa região.
Sabemos da rotina desgastante, da peregrinação dos pacientes oncológicos, bem como dos seus familiares em busca de atendimento. O câncer é uma doença devastadora que não escolhe cor, raça, credo e nem condição social. Eu já tive duas pessoas da minha família que passaram por tratamento e sei o quanto é difícil para o paciente e familiares.
Projeto não saiu do papel
Com a construção do hospital em Poços de Caldas íamos conseguir amenizar dores, ampliar o atendimento e diminuir a distância dos deslocamentos para pacientes que muitas vezes precisam se tratar em outras regiões do estado e até mesmo em estados vizinhos.
Mas infelizmente o projeto não saiu do papel, o convênio assinado com o governo do estado foi suspenso e o dinheiro teve que ser devolvido. Teve ainda a troca de governo, a falta gestão política de alguns administradores da região e a falta de união para que o projeto se concretizasse.
Antes da pandemia, mesmo sem mandato, eu atualizei o projeto do Hospital Regional do Câncer, tive ajuda até mesmo do Hospital Santa Casa de Poços de Caldas com essa atualização, e fui reapresentá-lo para o então ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Estive em Brasília (DF) com o projeto por 3 vezes, mas sem as autoridades locais, que não quiseram comparecer nas reuniões, e a representatividade de deputados estaduais ou federais, me sinalizaram que nada podiam fazer naquele momento.
Falta de representatividade
Novamente reafirmo que sem a representatividade de um sul mineiro no Congresso, tudo fica mais difícil de ser alcançado. E o atendimento oncológico segue com a demanda alta e em exponencial. Poços leva gente para tratar em outras cidades, mas é referência de tratamento para muitos pacientes de municípios circunvizinhos. O Cacon ou Unacon- Unidade de Atendimento de Alta Complexidade em Oncologia, que foi criada em 2003, atende pacientes de Poços de Caldas e de cerca de 80 cidades da região. A unidade oferece um atendimento multidisciplinar com médicos, enfermeiros, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social e nutricionista. Por mês, são em média, 3 mil atendimentos. O Hospital Santa Casa também atende os pacientes oncológicos com cirurgias e sessões de quimioterapia, mas é necessário ampliar os atendimentos e especialidades.
No início deste ano veio a notícia de que um grupo político estaria “reinaugurando” a pedra fundamental, no mesmo local de dez anos atrás, o que me parece mais um oportunismo político, pois já se passaram meses e nada de liberação de verbas para a construção do Hospital Regional do Câncer. Ficou só na conversa e registros fotográficos.
Por isso, é tão importante neste ano de 2022 elegermos deputados e senadores da nossa região. Precisamos de representantes que conheçam a nossa realidade, utilizem os mesmos serviços que a população, porque só assim haverá conhecimento, entendimento e empatia sobre a realidade dos moradores do sul e sudoeste mineiro.