É comum pensar que a medicina veterinária trata somente dos animais, no entanto todas as medidas implantadas na saúde animal têm como objetivo principal a preservação da saúde humana, visto que desta forma, a prevenção das doenças de origem animal que acometem o ser humano torna-se mais efetiva. Estamos falando de muitas doenças como a raiva, ebola, tuberculose, toxoplasmose, leptospirose, sarna, febre amarela, dengue, tifo, malária, doença de Chagas, etc. É importante ter cuidado com animais doentes e com os produtos de origem animal. Até mesmo a Covid-19 é uma pandemia que nasceu de uma zoonose e virou uma doença humana.
Então, se o veterinário atua no controle de doenças e ainda garante a segurança alimentar, por meio do controle sanitário feito na produção, na defesa sanitária ou na inspeção, o que justifica essa tributação maior para a classe? O porquê de isso acontecer está no teto que abriga a medicina veterinária. Apesar do profissional ser reconhecido como da área de saúde, ele ainda responde ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e não ao Ministério da Saúde. O medicamento Omeprazol, por exemplo, feito com a mesma composição e no mesmo laboratório, sendo um produto veterinário, ficará em média 50% mais caro. E essa tributação maior se estende para a ração, clínicas, serviços, enfim, para toda a cadeia.
Mudanças são necessárias
Este enquadramento da profissão precisa mudar e com mobilização, gestão e representatividade, podemos sim, colocar a Medicina Veterinária no “Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde” (CNES). Desta forma iremos desonerar os profissionais, os serviços e produtos incluídos na cadeia da medicina veterinária. Irão se beneficiar os animais, os criadores de pets, os pecuaristas, e consequentemente, a cadeia alimentícia que pode refletir a desoneração no preço dos alimentos. Além disso, conseguiremos democratizar o atendimento médico veterinário, fundamental para a saúde pública.
Não podemos deixar de ressaltar que as zoonoses representam 75% das doenças infecciosas emergentes no mundo; 60% dos patógenos humanos são zoonóticos e 80% dos patógenos que podem ser usados em bioterrorismo são de origem animal, o que aumenta a importância e responsabilidade da saúde pública veterinária.
O aumento do contato entre a população humana e os animais domésticos e silvestres, ocorridos nos últimos anos em decorrência dos processos sociais e agropecuários, resultou na disseminação de agentes infecciosos e parasitários para novos hospedeiros e ambientes, implicando em emergências de interesse nacional e internacional.
Valorização dos profissionais
Em tempos de Covid-19, médicos veterinários também têm se destacado no trabalho e muitas vezes na liderança de equipes multidisciplinares que atuam nos laboratórios oficiais, biotérios; universidades e institutos de pesquisa com os testes de diagnóstico da doença; o desenvolvimento de tratamentos e vacinas humanas; os testes de novos modelos de testagem e respiradores, e o auxílio às vigilâncias epidemiológicas. O caminho é a indissociabilidade entre saúde pública, veterinária e ambiental, como o melhor método para prevenir e responder aos surtos e pandemias.
A valorização da medicina veterinária se mostra latente, é necessária para acompanharmos as mudanças sociais, econômicas e sanitárias. Você, amigo veterinário, que quer se juntar a nós, seja bem-vindo. As transformações na profissão precisam acompanhar os novos tempos.